A importância da educação emocional no desenvolvimento da criança
- Patrícia Munhoz Psicopedagoga
- 23 de dez. de 2020
- 3 min de leitura

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Nestes dias finais de 2020 pensei em diversos temas para escrever este artigo hoje, mas existe um que persistiu durante esse ano todo e que não pode ser ignorado. Acho que em nenhum outro momento do nosso tempo presente ter controle dos nossos sentimentos foi tão desafiador. O avanço da tecnologia em uma rapidez muito grande acelerou quase todos os processos que conhecemos, desde o nível profissional, social e cultural até a nossa visão consigo mesmo. Com a educação não foi diferente. Nas últimas décadas a informação chega até nós muito mais rápido e em uma quantidade absurda, todos os dias recebemos muitas notícias e muitos estímulos.
Para nós adultos as vezes é difícil identificar e controlar nossas emoções, imaginem para as crianças em idade escolar. A escola é um ambiente de muito aprendizado, muito rico em estímulos, mas também pode ser um ambiente hostil para uma criança mais sensível.
Segundo o artigo publicado pela revista brasileira de Psicopedagogia temos a seguinte afirmação:
“As emoções são adaptativas porque preparam, predispõem e orientam comportamentos para experiências positivas ou negativas, mesmo comportamentos de sobrevivência e de reprodução. As emoções fornecem informações sobre a importância dos estímulos exteriores e interiores do organismo, e também, sobre as situações-problema onde os indivíduos se encontram envolvidos num determinado contexto.
Em função das necessidades, interesses e motivações das pessoas, as emoções fornecem dados fundamentais para imaginar e engendrar ações e para satisfazer os seus objetivos. No ser humano, ao longo da sua evolução, e na criança, ao longo da sua trajetória desenvolvimental, todas as ações e pensamentos (como sinônimo de cognição), são coloridas pela emoção."
Fonseca V. Importância das emoções na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. Rev. Psicopedagogia 2016;33(102):365-384
E neste ano atípico de 2020, paramos para refletir sobre o estado emocional dos nossos alunos e aprendentes? Como eles lidam/ lidaram com todas essas notícias sobre a pandemia e tudo que vem ocorrendo pelo mundo? Talvez não saberemos a resposta dessas perguntas até retornarmos as atividades escolares presenciais. Quais os impactos que o isolamento podem trazer para as nossas crianças? O que podemos fazer para atenuar seus efeitos. De todas essas dúvidas levantadas só conseguirei responder a última. O que podemos fazer a respeito da saúde emocional de nossos alunos. Em primeiro lugar, precisamos trabalhar em nós profissionais alguns conceitos importantes. Vejo muitos profissionais da educação dispensando tempo e energia em conteúdos escolares e muito pouco tempo e energia em ajudar a criança a lidar com as fases do seu desenvolvimente e a lidar com a tecnologia e a informação que a cercam, por isso, acho muito importante que os profissionais da educação direcionem seus olhares para a saúde emocional de seus alunos. Como podemos ajudar nossos alunos? Primeiro, ensinando-os a reconhecer o que sentem. A maturidade emocional vem com o reconhecimento daquela emoção que surge naquele momento. A criança muitas vezes não entende aquilo que sentiu quando viu um vídeo triste ou quando foi confrontada. Entender quais são e como surgem esses sentimentos ajudam muito a criança a identificar e comunicar suas reais necessidades.
Segundo Vitor da Fonsceca, no mesmo artigo:
“É impossível pensar em separar a emoção da aprendizagem ou a emoção da cognição ou da razão, ou conceber, exclusivamente e friamente, na individualidade do aluno ou no sujeito aprendente, pois temos que pensar também na individualidade do professor ou do sujeito docente, porque alunos e professores interagem socialmente e aprendem uns com os outros70. Logo, quer a emoção, quer a cognição, devem ser enquadradas num contexto social e obviamente cultural.
A aprendizagem não é um ato isolado nem neutro afetivamente, só pode ser concebida num contexto de transmissão intencional e de atenção e interação emocional compartilhada, o que só por si integra emoções e cognições, leitura de faces e de mentes, exibição de sinais não verbais e corporais de tristeza, alegria, desgosto, surpresa, zanga, medo.”
As emoções influenciam tudo em nossa vida, seja de forma positiva ou negativa, e na aprendizagem não é diferente. Como podemos prestar atenção em algo quando estamos com medo, ou eufóricos demais? Quando ficamos assim temos muitas dificuldades em captar, perceber e compreender, o que pode contribuir para uma não aprendizagem. A mudança desse quadro começa na dinâmica familiar, na observação dos pais sobre qualquer alteração de comportamento dos filhos, como apatia, agitação ou dores de cabeça, dores de estomago. É preciso estimula-los a expressarem o que sentem. E na escola não é diferente, ajudar os alunos e trabalhar suas emoções podem contribuir grandemente para o processo ensino-aprendizagem, não se perde tempo ensinando emoções, se ganha qualidade! E de presente para você, vou disponibilizar um jogo da memória e pareamento das emoções! Divirta-se com seus filhos, alunos e com quem você quiser!
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