Educação sexual na educação infantil: como abordar o tema?
- Patrícia Munhoz Psicopedagoga
- 9 de jun. de 2021
- 3 min de leitura

Está ai um tema difícil tanto para pais quanto para professores. Como ensinar educação sexual na educação infantil? Como falar sobre temas sensíveis com crianças bem pequenas? Hoje eu escrevo este artigo para passar para pais, professores e cuidadores algumas informações importantes sobre o que é educação sexual.
Primeiro, vamos pontuar algumas partes importantes do tema. Nos dias atuais nosso país vem passando por momentos difíceis com relação a comunicação. Existem todos os dias enxurradas de informações desencontradas e notícias falsas disponíveis nos meios sociais. Essas informações disseminadas de forma irresponsável contribuem para que o conhecimento real fique longe das pessoas que precisam ter acesso a ele. Por isso o primeiro ponto que quero abordar neste artigo é que educação sexual não é ensinar a criança a fazer sexo! É longe disso! Educação sexual deve começar na educação infantil e se estender por toda vida escolar da pessoa. Então vamos começar com algumas informações importantes:
Educação sexual na educação infantil tem como norte a PREVENÇÃO! Os dados disponíveis pelo atual ministério da mulher, família e direitos humanos nos trouxe informações preocupantes sobre o abuso sexual contra crianças e adolescentes. Nestes números é possível observar que de 2011 até 2019 os números de denúncias de abusos triplicaram no Brasil. Destas denúncias o número de casos de violência sexual contra criança corresponde a uma grande parte das denúncias de abuso. Outro dado alarmante: a maioria dos casos acontecem DENTRO DE CASA! E na grande parte dos abusos, o criminoso é um parente de primeiro grau (pai/padastro) ou amigo/ vizinho/ conhecido.

Partindo destas informações podemos perceber a dimensão do problema e a importância da informação de qualidade. Nesse sentido, a educação sexual na educação infantil tem caráter preventivo, ensinando as crianças a discernir entre o que é um toque de afeto de um toque de abuso, quais as partes do corpo da criança que pertencem apenas a sua intimidade e ensiná-las a quem recorrer para sair da situação. De encontro a isso também é possível alinhar no tema noções de corpo e autocuidado. Para isso vai ai umas dicas para você que é pai/mãe/cuidador e também para os professores da ed. infantil:
A criança de 4,5 anos ainda não tem uma capacidade cognitiva de assimilação de determinados assuntos, mas é curiosa o suficiente para fazer perguntas a partir de "recortes" - palavras que ouviu alguém dizer, cenas que viu na televisão ou internet. Por isso toda vez que uma criança fizer uma pergunta "constrangedora" sempre responda com outra pergunta: onde você ouviu/ viu sobre isso? Primeiro procure saber exatamente a profundidade do conhecimento da criança sobre o assunto para apenas depois fornecer a informação apenas em cima daquilo que a criança sabe.
Ensine a criança que partes do corpo dela pertencem a intimidade dela. Explique o que significa a palavra "íntimo" e ensine-a que nessas partes íntimas ninguém tem autorização de tocar. E que se algo acontecer ela tem que falar imediatamente para a mamãe ou a professora, ou alguém que ela confie.
Fique de olho nos sinais! Crianças que são vitimas de abuso apresentam mudanças no comportamento! Se você perceber mudanças de comportamento como: intrusão, medo excessivo ou comportamento sexualizado, afetividade excessiva com alguém ou repúdio e medo de alguma pessoa, terror noturno, comportamento regredido (volta do xixi na cama), sinais físicos como vermelhidão nas partes íntimas e hematomas nas pernas, fique de olho e procure orientação para proceder, a sua ação pode ser determinante para evitar que a situação piore.
Por fim, gostaria de deixar algumas sugestões de atividades para professores! No dia 18 de maio é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data instituída pela Lei Federal nº 9.970/00 foi escolhida em memória à menina Araceli Crespo, de 8 anos, que foi espancada, estuprada, drogada

e morta em Vitória (ES). Neste dia, instituições de ensino e de assistência social promovem ações para prevenção dessa violência. Está é uma boa data para falar com os alunos sobre o tema, mas você pode trabalhar aos poucos, no decorrer do ano ações que integrem essa temática.
Sugestões para trabalhar com os alunos na escola:
Roda de conversa com histórias e teatro de fantoches, pode utilizar o livro "Não me toca seu boboca" para montar a aula:

Semáforo do Toque:

Para professores e pais interessados no assunto, vale a pena a leitura:

R$ 35,90
Por fim, gostaria de deixar uma reflexão para todos nós: Nossas crianças são nosso futuro. São a esperança de dias melhores, de coisas boas. Todos nós temos que ter nossa coparticipação na educação de uma criança, no crescimento e na vida. Todos nós temos que puxar para nós esse papel, assumir as responsabilidades da educação. Assim, acredito que faremos coisas boas para nossa comunidade.
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